O envelhecimento populacional é uma realidade imutável, além de representar avanços da saúde e melhoria das condições de vida, representa ainda uma grande preocupação para profissionais e gestores da saúde. No Brasil em 2025 estima-se uma população de mais de 33 milhões de idosos (IBGE,2000). A readequação de serviços e políticas de saúde capazes de ofertar assistência de qualidade a esse grupo etário é um grande desafio, dada a maior carga social deste grupo em relação a população geral. Nesse sentido diversos autores buscam investigar os efeitos do envelhecimento sobre a qualidade de vida dos seres humanos e o impacto sobre a sociedade. Estudos de base populacional comprovam que em torno de 80% dos idosos são portadores de pelo menos uma doença crônica não transmissível, e condições de comorbidades de três ou mais destas doenças em pelo menos 33%, que comumente afetam os sistemas cardiovascular, respiratório e o sistema nervoso central. Portanto este o grupo é considerado o mais medicalizado, e o mais exposto aos risco do uso de polifarmácia, sendo o grupo etário mais vulnerável a reações adversas e interações medicamentosas devido ao declínio das funções orgânicas.
A prescrição e o uso de medicamentos inapropriados neste grupo etário é um importante problema concernente à saúde coletiva. Estudos nos Estados Unidos, Canadá, Europa, África e Ásia demonstram serem estas as causas mais prevalentes de internações hospitalares e óbitos pessoas com 60 anos ou mais. Beers et. al (1991) desenvolveram critérios para administração de medicamentos em idosos, listando medicamentos de diferentes classes terapêuticas que deveriam ser evitados em pessoas de idade avançada. Shrank et. al. (2007) em estudo de revisão enumeraram diversos efeitos relacionados ao uso de drogas por pessoas com 65 anos ou mais, tais como, risco de distúrbios gastrointestinais como gastrite, úlceras hemorrágicas, naúseas e vômitos devido o uso continuado de antiinflamatórios não esteróidais (AINES - ex: diclofenacos), que não devem ultrapassar 5 dias ou uma semana; aumento do risco de quedas, fraturas e demência por uso crônicos de benzodiazepínicos; insuficiência renal e hipercalemia associado ao uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA - ex: captopril), risco aumentado de hemorragia craniana pelo uso de anticoagulantes (ex: warfarim); uso de barbitúricos ( ex: fenobarbital e tiopental) com aumento do risco de quedas e fraturas de quadril em mulheres, como também delírio e suicídio por deprimirem o sistema nervoso central;entre outros. Assim a prescrição de medicamentos para pessoa idosa deve estar amparada em criteriosa avaliação de risco/benefício, e acompanhamento regular dos níveis sanguíneos destas substâncias como de proteínas marcadoras de lesões hepáticas e renais. A adoção de estilos de vida saudável, como alimentação balanceada, prática regular de atividade física, e uso de terapias não farmacológicas como terapias comportamentais e fisioterapia.
Dr. Gilmar de Oliveira Barros Silva
Fisioterapeuta
Especialista em Fisiologia Humana e Biomecânica
Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços
Mestre em Saúde Coletiva
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